espera...
desatento
seguia a memória na noite
ziguezagueava
absorto na vida de outros lugares,
a
memória atraiçoava-lhe o corpo abatido.
do
olhar rasgado, vertia sangue já sem cor
fazia
frio, rangiam-lhe os ossos a cada passo
e
rasgava-lhe a pele até sentir dor
fumava
sofregamente, como se esgotasse o tempo
o
sitio era já ali
no
virar da casa branca esburacada pelo salitre.
aspirou
o nevoeiro, misturado com o fumo do cigarro
acelerou
o passo
aproveitou
o semáforo verde.
galgou
a estrada
ao
fundo via os anúncios cintilarem,
davam
luz e cor à cidade.
o
homem desceu o caminho íngreme
desfazendo-se
das lembranças e infortúnios.
o
mar esperava-o…
era
a hora de todos os dias
o
areal quebrava ali
onde
o sonho nascia
atento
ao silêncio que o corroía.
sem
sobressaltos deitou-se na areia.
restou-me
a mim a espera
nas
palavras cantadas do mar…
helena
maltez
Sem comentários:
Enviar um comentário